Lendo um artigo sobre as relações entre ser e discurso em Parmênides e Platão, decidi que é melhor deixar essa briga para os peixes grandes, principalmente porque tenho a tendência de concordar com Parmênides e quem sou eu para discordar de Platão?
No entanto, tal leitura levantou uma questão: do que realmente precisamos para “ser”?
Tomemos, sem ironias, a seguinte afirmação verdadeira:
Elisete é mulher bonita e inteligente.
Se Elisete não fosse inteligente, continuaria existindo? Sem dúvida! E se não fosse bonita? Idem. Seria burra e feia como uma porta, mas continuaria existindo. “Ser sem os acessórios do Ser”Da mesma forma continuaria sendo se homem, gato ou árvore.
Tirando de Elisete tudo aquilo que é acessório, que é predicado do seu ser, sobraria apenas a seguinte afirmação:
Elisete é.
Porém, e se ela tivesse sido parida na selva, imediatamente abandonada por sua mãe e criada por lobas? Não mais seria sequer Elisete, porque não seria chamada de coisa nenhuma.
E, por isso, deixaria de ser?
Jamais!
É. Esse ser “é”, mais nada. Essa é sua essência. A partir do momento em que for dito “Elisete é”, além de “ser” ela passa a “ser Elisete”, sendo agora duas coisas e não mais uma — ela pode inclusive ser dividida ao meio, pois perdeu a sua unidade.
E esse é o drama: Platão discorda de Parmênides quando diz que não é possível “ser” sem discurso (“Elisete é”), Parmênides“não é possível Ser sem discurso” – Platão diz que ao discursar sobre o ser, ele passa a ser outra coisa.
Agora que se sabe que, de uma forma ou de outra, Elisete é — deixemos de lado esses dois, que briguem entre si na eternidade! —, ainda resta a pergunta: o que Elisete precisa para ser feliz?
Para ser feliz, primeiro é necessário que Elisete “seja”. Nota-se que já temos aí meio caminho andado.
No entanto, “ser” e “existir” não são lá grandes coisas, porque tudo existe, até mesmo o nada*. Até mesmo as pedras “são”, apesar de que, pelo que se sabe, não são felizes nem tristes: para ser feliz é preciso ser bem mais do que uma rocha.
“Penso, logo existo” – Descartes“Penso, logo existo”, disse Descartes. Até hoje nunca encontrei pedra com cérebro mas, afinal, quem sou eu para negar Descartes? A questão é que mesmo assim, alheias a tudo, anencéfalas e mais estúpidas do que nunca, as pedras existem, e moro dentro de uma grande pilha delas.
Para ser feliz, em segundo lugar, pressupõe-se necessário ser vivo e ter um cérebro que pense, isso não seria mal. Elisete pensa, logo é venturosa.
Como sabemos, bastam alimento e água para que algo ou alguém seja vivo. Para ser feliz além de estar vivo e ter um cérebro, tudo o mais será acessório, meros enfeites do ser.
Finalmente, do que Elisete precisa para ser feliz? Apenas de si mesma.
Comentários
Mazááá!!! Acho que todos estamos bem-humorados hoje 😀 Juro que, depois de ler o primeiro parágrafo, pensei "lá vem o Olegário com a super-análise…" Ri e continuei… Ole, depois de tanta abstração, tu tá quase chegando na metafísica! hehehe todos somos. essência. o resto? lucro ou preju. Gostei desse Parmênides! De qualquer forma, tô no mesmo time que tu de não discordar de nenhum dos grandões, e concordar que Eli-7 é inteligente, bonita, virtuosa e venturosa! Ave Eli-seven! Gosto de pensar em essência como potencialidade que contém tudo. Isso falando de humanos apenas… e alguns, apenas… hahahahaha Da tua última frase, adiciono só mais um item: um coração :-)= E vai que as pedras são felizes e mudas: afinal, nunca nos disseram nada, né? Abraços, Vinícius
Oi ! Tá, se como Parmêniades disse…o ser é, e o nada, nada é. Então posso entender o SER, como sendo o contrário de tudo e não o tudo como pressupôe o ser. Putz, isso como disse uma vez a um profesor, parece um cachorro tentando morder o rabo…e acho também, que isso é que torna o tema fascinante…valeu…abração
Contribua com sua opinião